Em Nós Três A Cia Muiraquitã dá prosseguimento à sua linha de pesquisa acerca do espaço cênico, do trabalho do ator e do texto espetacular. Neste trabalho o processo de construção do espetáculo foge aos modelos convencionais de montagem. Aqui o processo de escritura e de montagem são levados concomitantemente. O tratamento do texto espetacular possui variantes, em ralação ao tratamento dado aos textos dos espetáculos anteriormente levados à cena pelo grupo. A comédia não configura-se como elemento central, apesar de os personagens serem cômicos, esta dualidade é presente em todo o transcorrer do espetáculo: mortos e vivos, Trágico e cômico, ator e personagem revelando a ebulição que vivem estes dois palhaços. Este trabalho, gestado deste a fase dramatúrgica, foi orientado por um processo de criação coletiva, a partir de matrizes sugeridas pela direção do espetáculo. O desejo de levar à cena experiências extra palco da Cia, aliado à linha ficcional de criação dramatúrgica do diretor, Clodoaldo Calai, e a não conformidade do ator e dramaturgo, Jonas Martins, resultaram em uma obra que entrelaça a ficção e a realidade vivida, diluindo suas fronteiras. Levar o público a passear por este universo sem identificar suas fronteiras é o objetivo da Cia Muiraquitã com este espetáculo e, para isso, o imponderável é elemento fundamental o imponderável que, não raras vezes, dá origem à vida, outras tantas vezes da origem à morte. O imponderável sobre o qual não há projeto ou determinação viva que preveja ou defina.