Espetáculo Lilith

LILITH 

Lilith é uma força ancestral, primitiva, associada ao universo feminino e traduzida historicamente, há mais de cinco mil anos,  na narrativa gênica de várias culturas dos sumérios aos gregos, passando pela Torá Hebraica, na qual, o mito é representado como a primeira mulher de adão, antes de Eva. O modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão baseia-se no de um fragmento do 'primeiro ego', que seria Adão. Vários textos históricos, no entanto, citam uma variante, a criação de Lilith, a primeira mulher, feita em igualdade de condições com o primeiro homem, e expulsa do Paraíso por tentar fazer valer essa igualdade. Indo às Escrituras hebraicas poderemos encontrá-la como uma mulher feita de pó negro e excrementos, portanto, condenada a ser inferior ao homem. No fundo, Lilith já fora criada como um demônio, tendo gerado, juntamente com Adão, outros seres iguais a ela, que se vingam contra a humanidade. Essa natureza satânica é, por assim dizer, uma advertência do que a cultura rabínica e patriarcal nos faz com relação àquela que perturbou a noite toda o sono de Adão: Lilith, feita de sangue e saliva, é expressão de fatalidade. O alfabeto Bem Sirá (século VI ou VII) conta que Lilith, inconformada com a situação de desigualdade vivida com Adão, questiona: “Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que ser dominada por você? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.” E Adão, ciente da supremacia do homem, nega-se a mudar a ordem. Lilith revolta-se, pronuncia o nome mágico de Deus, acusa Adão e vai embora. Voa para as margens do Mar Vermelho, onde passa a viver em promiscuidade com os diabos, gerando cem demônios por dia, os chamados Lillim. E lá ela se transforma e assume seu tenebroso destino, seduzindo homens em seu sonho, espalhando a morte, pois foi declarada guerra ao Pai. Encarnando o feminino negativo, Lilith transfigura-se, posteriormente, em inúmeras deusas lunares (Ihstar, Astarte, Isis, Cibele, Hécate), arquétipos das forças incontroláveis do submundo – a Lua Negra. Até ser personificada pela bruxa, na Idade Média, contra a qual o homem moveu uma das mais sangrentas perseguições de toda a sua história. Mas existem muitas outras histórias sobre Lilith. Dizem que ela significa a outra ou o outro num triângulo amoroso. Para os assírios, era considerada um demônio. No Zohar também é assimilada como a rainha dos demônios que incitava os homens. Na Kabala, pode corresponder ao 10º sefiroh, Malkuth, que reina no submundo e na escuridão, incapaz de contatar com Deus, sempre sujeita a tentações e frustrações.


O ESPETÁCULO


A partir das inúmeras facetas do mito de Lilith e, utilizando como ferramentas a mitanálise desenvolvida por, Durand, o dramaturgo e diretor, Clodoaldo Calai, deu a estes elementos tratamento dramatúrgico e poético, posteriormente, transpondo, a obra dramatúrgica em espetáculo teatral. Para tanto a, Cia Muiraquitã,  trabalhou a partir do conceito de “realismo fantástico” para costurar cenicamente o mítico em lilith.  a trajetória da Cia Muiraquitã, em termos dramatúrgicos, tem sido profícua desde os meados dos anos de 1990, desta produção já resultaram em espetáculos os textos:  “O próximo”, “Clausura”, “Nós Três” e “A Máquina Fermat” estes dois últimos com reconhecido sucesso no estado de Santa Catarina, tendo sido selecionados para participar do Festival Catarinense de Teatro, da FECATE – Federação Catarinense de Teatro nos anos de 2011 e 2012. A encenação também e´ dirigida por, Clodoaldo Calai e conta como intérprete a atriz, Regiane Bringhenti,  Regiane é uma profissional de larga experiência no meio teatral e da performance tendo realizado expressivos trabalhos nos últimos anos, neste projeto, a atriz atuará de maneira, solo, para dar corpo e voz à Lilth.  A montagem deste espetáculo foi contemplada com um dos prêmios no Edital das Linguagens 2013 da Prefeitura Municipal de Chapecó,  o que contribui sobremaneira para que a montagem tivesse êxito. A ficha técnica do espetáculo é composta por um elenco de profissionais de reconhecido gabarito na cena teatral catarinense: Sedenir Rommel - Trilha sonora, Marcos Baptista Schuh: Cenários e figurinos Por trabalhar de forma sinergética com imagens e texto espetacular, a direção e iluminação, também serão assinadas por Clodoaldo Calai. O projeto destaca-se pela excelência artística. Agregando artistas de relevada importância na cena teatral catarinense, e propondo um diálogo em cima e um texto contemporâneo, inédito, escrito a partir do mito de, Lilit, por um inquietado investigador das possibilidades espetaculares e do trabalho do ator., esta montagem garante um espetáculo com grande distinção de linguagem e valor cultural, contribuindo sobremaneira para o fortalecimento da prática cênica no Município de Chapecó e Santa Catarina.


FICHA TÉCNICA

Atuação: Regiane Bringhenti
Iluminação: Louis Rodrigues
Cenário e Figurinno: Marcos Schu
Texto e direção: Clodoaldo Calai